Texto Teatral

Helpdesk o Vendedor de Enciclopédias

Manhã de sol claro, dia perfeito para um bate papo. Kakalzinha levanta de sua cama, ainda descalço dirige ao seu computador. Entusiasmada por ter ganhado o sinal de internet pouco mais de um semestre em sua casa, ela começa a navegar...

Kakalzinha: - Ainda bem que hoje o PC é só para mim. (Cantarolando)

- Bom dia, flor do dia, disse Láryda que acabara de entrar no MSN.

- Bom dia, prima querida.

Kakalzinha: Estou em casa sozinha, todos saíram bem cedo para cumprirem sua jornada de trabalho.

Láryda: Você não irá ao cursinho hoje?

Kakalzinha: Tirei o dia para descansar e com isso posso aproveitar para navegar sem nenhuma preocupação, é que às vezes mamãe fica horas “tecendo” com papai.

Láryda: Também não é para menos, com seu pai sempre em viagem de negocio. Como você pode dizer uma coisa dessas?

_Sabe, tenho usado a net para pesquisa, troca de experiência por meio de um blog de maneira bem divertida, diz Kakalzinha sabiamente trocando de assunto.

Láryda: Você já usou o Wiki?

Kakalzinha: Claro prima! E tenho deixado lá a minha contribuição.

Láryda: O uso tecnológico é muito importante, podemos encontrar muitas novidades na rede e compartilhar com outras pessoas.

Kakalzinha: _Concordo com você, tenho feito descobertas muito interessantes... (batem a porta e Kakalzinha sai para atender)

- Bom dia senhorita!

Kakalzinha: _Quem é você? (Assustada ela quis fechar a porta)

_Vendedor de Enciclopédias: Tenho bons livros para vender em leves prestações...

_Obrigada, mas não preciso diz Kakalzinha interrompendo-o.

Vendedor de Enciclopédias: _Um minuto de sua preciosa atenção, posso mostrá-los, tenho a coleção completa de...

_Eu agradeço, interrompeu mais uma vez mal humorada, é que eu realmente não estou precisando.

Vendedor de Enciclopédias: _Estou com umas novidades em livros de...
_ Não, não e não, falou gritando.

Vendedor de Enciclopédias: _Faço manutenção de...

Desta vez batendo a porta com toda força sem dar nenhuma chance para o vendedor kakalzinha sai resmungando, _quem precisa de livros se leio todos quantos tenho vontade na biblioteca virtual.

Volta para o computador, e nem teve tempo de contar a prima o ocorrido, porque sem nenhum motivo aparente o seu PC pifou.

Com um desespero visível ela liga de seu celular para sua mãe Aureliana, que trabalha numa empresa de marketing, e diz: _ mamãe, mamãe... O PC pifou.

Aureliana, mulher experiente, sabe exatamente quem chamar para verificar o seu PC, _Calma, calma filhinha, vou tomar providencias. Aguarde a chegada de um helpdesk.
_ De quem mesmo mamãe??

_ De uma pessoa que entende o que poderá ter acontecido com nosso PC e deixá-lo pronto para uso novamente.

Depois de passado algum tempo, chega o helpdesk, e para surpresa de Kakalzinha era o vendedor de livros.

_Entre, por favor, diz Kakalzinha um tanto sem jeito.

Helpdesk:_ Seu computador senhorita, esta contaminado por vírus e será preciso formatar.

_ Por favor, (levando às duas mãos a cabeça), moço não posso perder nenhum documento, chorando ela continua, tenho arquivos importantes...

Helpdesk: _Além de vender livros, assinatura de revistas, enciclopédias em CDRuns sei também como deixar seu PC pronto para uso.

Depois dessa experiência Kakalzinha se tornou uma pessoa cuidadosa, aprendeu ouvir as pessoas, mas infelizmente o calor humano entre ela e sua família foram se distanciando, cada um usando o computador em seu quarto, porque se viam mais pela sua webcam do que pessoalmente e se falavam usando os meios que a internet oferecia.

Autora: Edna Marins